A promoção da acessibilidade constitui condição essencial para um pleno exercício de direitos de cidadania consagrados na Constituição Portuguesa, como direito à Qualidade de Vida, à Liberdade de Expressão, à Informação, à Dignidade Social e à Capacidade Civil como Igualdade de Oportunidades no acesso à Educação, à Saúde, à Habitação, ao Lazer e Tempo Livre e ao Trabalho.
Temos, no entanto, verificado que as sucessivas medidas levadas a cabo nesta área não têm produzido modificações significativas no quadro existente, subsistindo, no edificado nacional, uma larga percentagem de edifícios, espaços e instalações que não satisfazem as condições mínimas de acessibilidade e que colocam limitações aos cidadãos que dele pretendem fruir.
Esta foi a razão que levou o grupo de Educação Especial, em 2006,aderir ao concurso “Escola Alerta”, promovido pelo Secretariado Nacional para a Reabilitação de Pessoas com Deficiência, desenvolvendo o projeto “Ultrapassando Barreiras”. O objetivo do nosso projeto foi fazer o levantamento das barreiras arquitetónicas na vila de Sátão, alertar a comunidade para os constrangimentos existentes e a necessidade de corrigir as acessibilidades no nosso concelho, a fim de melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas que, por qualquer motivo, viram as suas capacidades motoras, visuais e auditivas serem diminuídas. Este projeto mereceu uma Menção Honrosa a nível distrital.
Em Abril desse mesmo ano, o grupo de Educação Especial fez a apresentação pública do levantamento efetuado, a nível das acessibilidades, no Cine Teatro de Sátão, bem como sugestões de melhoramento. Estiveram presentes como convidados o senhor Governador Civil, o Senhor Presidente da Câmara, Vereadores e Engenheiros, os senhores Presidentes da Junta, o senhor Cónego, pessoas com deficiências que puderam manifestar alguns factos reais com que se deparavam diariamente e habitantes interessados no assunto.
Muitos assuntos foram discutidos, nomeadamente, passeios com rampas inacessíveis, sinais luminosos sem som, obstáculos no meio dos passeios (árvores e/ou sinais de transito), impossibilidade de voto para as pessoas com deficiência motora (na altura as eleições eram na escola primária e Câmara Municipal, falta de rampa de acesso à Câmara Municipal, existência de apenas um lugar de estacionamento para pessoas com deficiência ) congratula-nos ver que essa primeira semente germinou e, gradualmente, o município tem vindo a preocupar-se com as acessibilidades, e tem sido um verdadeiro parceiro em todos os projetos que envolvam pessoas com deficiências.
Sim, é com algum regozijo, que tenho vindo a sentir a sensibilidade e a preocupação para com as pessoas com deficiência, a crescer. Prova disso têm sido as constantes parcerias ao nível da Educação, mais precisamente na colaboração do apetrechamento da Unidade de Multideficiência e Surdo-cegueira Congénita existente no Agrupamento de Escolas de Sátão, na cedência de transporte semanal para os alunos da Unidade poderem beneficiar de Hipoterapia, a iniciar brevemente e agora também ao nível do Lazer.
No parque infantil situado no Largo de São Bernardo, foi colocado um baloiço para alunos/pessoas que se deslocam em cadeira de rodas. Esta plataforma veio de Inglaterra e pode-se dizer que é uma das poucas existentes no nosso país. A satisfação e alegria estampada no rosto dos nossos alunos, pelo vaivém do baloiço nunca antes experimentado, são o melhor reconhecimento de que as diferenças podem ser minoradas e mesmo um parque infantil pode ser para TODOS.
Nota: Por haver pessoas que, infelizmente, não sabem respeitar o que é de todos, as fitas que prendem as cadeiras de rodas à plataforma, estão à guarda dos Bombeiros Voluntários de Sátão, onde podem ser levantadas por quem pretender usufruir daquele equipamento.